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5 de setembro de 2012

Mau comportamento em sala de aula prejudica aprendizado

Professores de vários países não se sentem estimulados a melhorar o ensino

Além de perturbar o andamento satisfatório das aulas, o mau comportamento de alguns alunos desestimula o professor a executar um bom trabalho. É o que revela uma pesquisa feita no Brasil, na Itália e em mais 21 países, realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) e pela Comissão Europeia.
O relatório do estudo “Criando Ambientes de Ensino e Aprendizagem Eficazes” mostra que mais de 80% dos professores brasileiros e quase 60% dos italianos acham que precisam de mais estímulo e reconhecimento do que recebem.
Em vários dos países estudados, sobretudo os europeus, mais de 70% dos professores do ensino básico declararam que o mau comportamento de alunos prejudica o ensino “em certa medida” ou “bastante”, conforme as opções de resposta dos questionários aos quais foram submetidos.
Em média, os professores brasileiros gastam 17% do tempo da aula tentando manter a ordem, enquanto os italianos perdem 13% com o mesmo objetivo, prejudicando os demais alunos no aprendizado.
O quadro do desestímulo é preocupante. Em países como Austrália, Bélgica, Dinamarca, Irlanda e Noruega, tidos como desenvolvidos, mais de 90% dos professores dizem que não compensam a tentativas de melhorar o ensino. Até mesmo nos mais otimistas, como Bulgária e Polônia, a porcentagem não é muito boa: 50% acham o esforço inútil.
Os professores revelam quais tipos de comportamento prejudicam as aulas: absenteísmo de alunos, chegada tardia à aula, linguagem vulgar ou blasfema, ofensas a outros estudantes e bullying.
O estudo da OCDE também publicou que as autoridades educacionais de todos os países devem promover políticas de valorização do professor, pois a qualidade de um sistema de ensino nunca é superior à qualidade de seus docentes. Mesmo nos países em que a atividade é valorizada com recompensas e reconhecimento, isso não é feito na quantidade necessária.
O documento faz um alerta: enquanto as autoridades visarem mais a aspectos como controle dos recursos e conteúdos educativos e menos aos resultados da aprendizagem, a qualidade do ensino apresentará os lamentáveis níveis verificados. As autoridades têm de planejar e promover trabalhos de incentivo aos professores no concernente a um melhor comportamento dos alunos, um fenômeno que vai muito além da esfera escolar: vem de casa e do convívio do estudante com seus pares. É algo socialmente muito mais abrangente, mas que prejudica demasiada e diretamente o trabalho do docente e o desenvolvimento de todos os alunos, mesmo daqueles com bom comportamento.





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